As novidades evolucionárias que levaram ao surgimento da linguagem e, mais tarde, da escrita, são exemplos das transformações fundamentais, quase ontológicas, da linhagem hominídea. Além de nos proporcionar a capacidade de coletar dados fora dos confins do DNA, as atividades cognitivas permitem transmitirmos informações através do espaço e do tempo. A princípio isso significava simplesmente a capacidade de gritar ou dar uma ordem, na verdade pouco mais do que o grito de alarme que é característica familiar no comportamento dos animais sociais. Com o passar da história humana esse impulso de se comunicar motivou a elaboração de técnicas de comunicação cada vez mais eficazes. Mas em nosso século essa capacidade básica se transformou na comunicação através da mídia, que literalmente engolfa o espaço ao redor do planeta. O planeta nada num oceano de mensagens autogerado. Chamadas telefônicas, trocas de dados e diversões eletronicamente transmitidas criam um mundo invisível experimentado como a simultaneidade informativa global. Nós nem pensamos nisso; como uma cultura, consideramos ponto pacífico.
Nosso amor especial e febril pela palavra e pelo símbolo deu-nos uma gnose coletiva, uma compreensão coletiva de nós mesmos e de nosso mundo, que sobreviveu através da história até épocas bem recentes. Essa gnose coletiva está por trás da fé que os séculos anteriores tinham em"verdades universais" e em valores humanos comuns. As ideologias podem ser vistas como ambientes de significados definidos. São invisíveis, no entanto nos rodeia e determinam para nós – ainda que possamos jamais perceber – o que devemos pensar sobre nós mesmos e sobre a realidade. De fato, elas definem para nós o que podemos pensar.
Terrence McKeena - O Alimento dos Deuses
more, more, mooooore!
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